quinta-feira, 24 de julho de 2008

Fado Da Sina


"Reza-te a sina nas linhas traçadas na palma da mão,
Que duas vidas se encontram cruzadas no teu coração.
Sinal de amargura, de dor e tortura, de esperança perdida,
Destino marcado de amor destroçado na linha da vida.

E mais se reza na linha do amor que terá de sofrer
O desencanto ou leve dispor de uma outra mulher.
Já que a má sorte assim quis, a tua sina te diz...
Que até morrer, terás de ser, sempre infeliz.

Não podes fugir, ao negro fado mortal,
Ao teu destino fatal,
Que uma má estrela domina.
Tu podes mentir às leis do teu coração,
Mas (ai!...) quer queiras quer não,
Tens de cumprir a tua sina.

Cruzando a estrada na linha da vida traçada na mão,
Tens uma cruz à feição mal contida, que foi uma ilusão:
Amor que em segredo, nasceu quase a medo, p’ra teu sofrimento,
E foi essa imagem a grata miragem do teu pensamento.

E mais ainda te reza o destino que tens de amargar,
Que a tua estrela de brilho divino deixou de brilhar...
Estrela que Deus te marcou, mas que bem pouco brilhou
E cuja luz, aos pés da cruz, já se apagou."

( Fado da Sina- Amália Rodrigues)


O que é a Esperança no meio das trevas

Quando não há volta a dar?

Por mais que corra e que esteja deveras

feliz

O que o fado me diz é que terminarei infeliz

De olhos a chorar


Embora o saiba acreditarei para sempre no meu valor

Por mais que sofra e me magoe nos braços do amor

E ainda assim sorrirei sempre que te vir partir

Pois sei que um dia te tive para mim

e estive a sorrir

Mesmo que seja um momento

Um segundo passageiro

Fecho os olhos ao tormento

e brilho com o luar conselheiro

Sei que por mais que o brilho divino se apague

Terei sempre o coração Deus pronto para que me afague

Nos dias de tempestade em que falte a luz

Derramarei rios de chuva recordando a cruz


Mas sei que quando a tempestade se for

E já não houver rasto de dor

Ainda há sol que ilumine minha falta de cor...


Filipa Carvalho


quarta-feira, 23 de julho de 2008

Eu Sou


Porque eu não sou faz de conta
Eu sou real
Sou tradicional
Sou arte das minhas origens - sou artesanal
Tenho em mim mil e um materiais
Tenho em mim mil e uma nascentes
De pensamentos e desejos
De fraquezas e sonhos
Dos quais poucas vezes acordo porque não chego a adormecer
Dos quais, mil e um não os sonhos porque não me deixam dormir...
Porque não sei se são mero sonho, ou pura realidade
Sou a perdição de mundos mágicos
Sou a paixão viva de viver
Sou a certeza de um dia ter desejado ter feito mais
Sou a desilusão de um dia ter desistido
Sou a fraqueza de uma luta não travada
Sou a vitória das mil batalhas que me fizeram ganhar as guerras
Sou o cume da minha própria montanha
Sou o ser e não ser ansiando por ser outro alguém
Sou o orgulho de ser eu, por me ter cruzado com quem cruzei
E fulgor de dias meus em paragens porcas e imundas
Em que pessoas se aproveitaram de mim e me fizeram sofrer
Mas sofrer fez me crescer
Então sou a sofrida matura!
Sou a ferida que o tempo fez questão de sarar
Sou a maçã vermelha que não caiu apodrecida no chão
Sou o Castelo rodeado por espinhos e negros arvoredos
Que alguém insiste atravessar para me conquistar
Sou Portugal conquistada dos Mouros
Sou a fronteira definida sem guerra
Tenho um Tratado assinado com a vida e serei um dia invadida pela morte quando o Tratado for quebrado por mim
Sou o desespero do relógio parado,
Sou as lágrimas que as nuvens choraram
Sou a criança cabisbaixa no baloiço por um infância não vivida
Tenho o condão de afastar quem gosto - é assim o meu karma
Sou a espera da carta no correio, parei no tempo porque nasci numa época que não a minha
Pois acredito em cavaleiros alados e versos de amor
Defendo os trovadores e poetas
E cantigas de amor, de escárnio e mal dizer
Sou a donzela de vestido e chapéu, enfiada numas calças de ganga
Sou a memória do passado
O Espelho da minha história,
Minhas rugas um dia serão páginas de tormento, alegrias, conhecimento e experiências
Sou a Roda do Mouchão que chora todos os dias alegremente
Sou o Nabão que corre corajosamente
Sou os edificios da minha terra, repletos de patologias
E esquecidos por quem tanto os amou
Vivo todos os dias com as mesmas pessoas
Que de tanto se habituarem à minha presença
Já nem sabem que existo
-Só quando estou de partida para as minhas viagens de comboio, que adoro
Então o que sou eu?
Sou "Viagens na Minha Terra"
Sou "História de Thomar"!
"As pernas altas são mastros
Que nenhum vento quebranta
Os olhos são negros astros
São faróis em terra santa"*
Minhas mão são candeias conselheiras
Que pousam em ombros chorados
Nos qual mil e uma lágrimas derramei
Suplicando que não me ouçam mais!
Odeio saber lamentar...
Sou "Menina que não disse nada
Que deixando os olhos falar
Disse querer ser amada"*1
*Tuna templária de Tomar (Varinas)
*1 Tuna Templária de Tomar (Menina que não disse nada)

sábado, 5 de julho de 2008

Equipa(rado)


A dois
A par
Em conjunto
Como pulgar e mendinho
Tudo funciona melhor
Como os sentidos
Flor e abelha
Lábios e beijo
Trabalho em equipa é equilibrio
Harmonia e sintonia
Abraço apertado
Aperfeiçoar
Duas mentes a trabalhar num mesmo objectivo
Traduzir-se-à em maior produtividade e eficiencia
O que dois olhos vêem é melhor observado por quatro
O que fazem duas mãos, constroem quatro muito mais rapidamente
São duas almas que se cruzam numa mesma obra
e reluzem - JUNTAS
Em equipa tudo é realizavel
e até o inatingivel fica mais perto
E menos impossivel
Para dois estão sempre dois singulares
Que se complementam
Trabalho, amizade, amor
Tudo é melhor quando é feito a dois...

Um bom governo é como uma boa digestão: enquanto funciona bem, quase não damos por ela. (Erskine Caldwell)

Filipa Carvalho