terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Respira

Hoje não me apetece escrever poesia.

"A esperança é a arte de ser feliz sem a felicidade..." (Berilo Neves)

Apetece-me desabafar e realmente não consigo escolher com quem o quero fazer.

Gostava de desabafar com Deus. Mas precisava de um sinal. Há um monte de tempo que venho a olhar para o relógio, e talvez com o tempo, eu perdi a fé que houvera em mim. E eu preciso dela. Preciso mesmo...

Todos nós já tivemos um sonho que nos acompanhou durante uma vida.

Sonhamos, sonhamos, sonhamos. Pelo meio deixamos cair umas lágrimas, na ténue esperança de que as lágrimas caiam na boa graça de alguém ou de algo divinamente superior e que nos traga o que tanto desejamos.

Lutamos, lutamos, lutamos. Com a amarga esperança de que o nosso esforço irá ser reconhecido de alguma forma e que seremos bem sucedidos.

No fim, o grande dia chega e o nosso sonho está ali. Bem junto de nós, pronto a ser consumido e com um letreiro delicioso e apelativo que diz "Parabéns. Chegamos. Vem até a mim".

Nesse preciso momento, perguntamo-nos... "Será que era mesmo isto que eu queria?"!
Somos consumidos pelo medo de "Isto não era suposto ser tão fácil. Está a acontecer depressa demais. Eu não vou aguentar viver-te sonho."

Constantemente, dou por mim a desistir de coisas que eu sempre quis. O mais caricato de tudo, é que vou sempre embora sem olhar para trás. E levo comigo apenas, mágoa, rancor e...lágrimas.

Antigamente, nos belos dias da minha infância, e não só, eu sentia um grande grande borbulhar de borboletas dançantes no meu estômago quando me encontrava com Deus. Hoje já não sei como me encontrar com ele. E questiono-me da sua existência.

Tudo o que eu queria era acreditar de novo. Porque preciso de acreditar. Eram as asas destas borboletas que vos falo, que me conduziam a lugares mágicos de felicidade momentânea, como ela própria se caracteriza.

Continuo à espera que a benção divina, desça dos céus e me volte a iluminar para que eu possa cumprir a minha lenda pessoal. Todos nós temos uma.

Talvez o karma, me esteja a trazer de volta coisas que fiz sem querer, ou coisas que fiz por querer, sem saber o que estava a fazer, ou só porque fiz... Gostava de não as ter feito. Sou um ser humano. Errei. Já errei muito.

Gostava de me queixar um bocadinho menos. Fico sempre com a sensação enublada que por detrás da nuvem negra que eu própria criei, está o meu vale encantado, com unicórnios e arco-iris. E já que falo metafóricamente, onde é que estão as minhas musas do Tejo?


Filipa Carvalho


O homem tem necessidade de Deus; de contrário, fica privado de esperança.(Bento XVI, Spes Salvi)