quarta-feira, 4 de junho de 2008

"Ruinas e Sumiços"


A televisão está desligada

O rádio está em stand-by

O céu está negro e sem estrelas

Era tão garantido que a lua brilhasse,

Que hoje, justo hoje que não há lua sinto a falta dela.

Por quantos dias nem notei a sua presença...

Os iogurtes de pedaços de ananás...

Só reparei o quanto de saboreá-los lentamente sentido os pedaços de fruto rolar na minha boca, Quando no supermercado não estavam na prateleira.

Só reparei no cheiro do meu perfume,

Quando terminou o frasco.

Só dei valor a carpete da entrada,

Quando fiquei sem ela.

Só quando me encontrei

Só quando me apercebi

Que antes não estava só.

Só - solidão, ódio...

Ódio ao que me fez pensar que tudo estava garantido

Não estávamos garantidos - e perdi-te

Foste a lua que hoje não surgiu na minha abobada celeste.

És o cessar-fogo que me fez perder a guerra.

Sei que quando (se) voltares estarei a sorrir!

Vou dar valor porque aprendi!

As coisas más vão,

As coisas boas perduram

Tudo o que é bom dura infinitamente e é inabalável.

Mesmo que não voltes dei valor a um dia teres estado presente.

Dei valor a um dia teres sido a razão

E sei que se um dia voltares tudo vai parecer pequeno à tua imagem.

Sinto-o! Oxalá que voltes! E fiques...

Ou que possa pelo menos ter de novo o teu amor, sem o tomar com as certezas de outrora.


A esperança do amanhã incerto faz me querer acreditar que nessa perda que ganhei,

Fiquei uma pessoa melhor e só tenho mais e mais a ganhar.

Filipa Carvalho

4 comentários:

Anónimo disse...

O meu favorito =D

Anónimo disse...

O blog esta bom, nem sempre damos valor e atençao ao que temos, gostei muito desse poema.


Claudio Chun

Anónimo disse...

É sempre quando perdemos algo, que lhe damos valor.
Vim hoje aqui, porque vi o nome no Notas. Gostei e vou voltar.
Maria dos Alcatruzes

Tânia Frade disse...

Avo, este poema descreve tudo o que eu sinto e ja senti. Sinto a falta da lua tanto como tu e a solidao rasga-me infinitamente por dentro. é doloroso, mas e a vida. Gostei muito deste, avo. :)